A cavidade abdominal é basicamente um grande espaço onde ficam os intestinos, o estômago, o fígado e outros órgãos. Eles são mantidos no lugar por aponeuroses, músculos e pele, com algumas áreas fechadas por ossos.
Mas quando, por qualquer motivo ocorre um enfraquecimento desta parede, com a formação de um orifício na parte muscular e aponeurótica da parede, as estruturas que estão dentro do abdome tendem a deslizar para o orifício, criando uma protrusão visível ao portador, só a pele separa o intestino (por exemplo) da parte exterior do abdome.
O tamanho do orifício (chamado de anel) é muito importante. Caso o anel deste orifício seja largo o bastante para entrar e sair o intestino, por exemplo, ele causará apenas desconforto ao paciente. Mas caso o anel do orifício seja pequeno, corre o risco da alça intestinal entrar e não conseguir sair, trancando a circulação desta alça intestinal (estrangulamento).
Hérnias estranguladas constituem uma emergência médica gravíssima, e o paciente deve ser operado rapidamente. Ao sofrer um estrangulamento, a alça intestinal não recebe sangue e oxigênio, sofrendo com a isquemia e necrosando.
A parte afetada se rompe e ocorre a perfuração do intestino, liberando seu conteúdo diretamente na cavidade abdominal. Pelo risco de graves complicações, hérnias diagnosticadas devem ser operadas!
A estimativa da hérnia em torno do mundo é que cerca de 96% delas desenvolvem-se na região da virilha, as chamadas “inguinais”, enquanto 4% são as “femorais”. Em todo mundo, 1 a cada 9 homens tendem a adquirir com maior facilidade a hérnia inguinal, enquanto as mulheres possuem maior tendência para a hérnia femoral, (cerca de 1 a cada 4).
Existem três tipos de hérnias: inguinal, umbilical ou paraumbilical e epigástrica.
Hérnia inguinal: ocorre na região da virilha e normalmente no sexo masculino. Pode se estender até os testículos levando à hérnia inguinoescrotal.
Hérnia umbilical ou paraumbilical: ocorre ao redor do umbigo e normalmente é causada pela passagem de alguma alça intestinal através da musculatura. Surgem com mais facilidade em bebês e desaparecem espontaneamente.
Hérnia epigástrica: ocorre na linha média do abdome e acontece com o afastamento dos músculos reto abdominais.
A única forma efetiva de tratamento da hérnia é a realização de uma operação chamada de herniorrafia (recolocação do conteúdo do saco no seu lugar normal e fechamento da abertura com fortes suturas). Esta operação é simples, desde que o paciente não apresente complicações.
1) incisão ou corte: feita na virilha, o cirurgião empurra o tecido herniado de volta ao local de origem e faz um reforço com suturas e pontos).
2) vídeo cirurgia (“técnica dos furinhos”): através de três pequenos orifícios, utilizando uma vídeo câmera é corrigido o orifício herniário através da interposição de um material protético, resultando em uma estética excelente e dores menores durante a recuperação pós-operatória.
Cabe ao seu médico ajudá-lo a decidir qual operação é a melhor. Esta decisão deve ser tomada após considerar a sua idade, se você tem outras doenças e a sua preferência.
O tratamento cirúrgico da hérnia inguinal pode ser facilmente realizado por técnicas minimamente invasivas (vídeo cirurgia ou robótica) na maioria dos pacientes (“operação dos furinhos”). Após a realização de furinhos de meio a um centímetro na parte debaixo do seu abdome, uma câmera de televisão pequena é colocada na parede abdominal através de um dos furinhos, para que o cirurgião e a sua equipe possam visualizar o local da hérnia em uma televisão. Com o auxílio de instrumentos especiais (pinças, tesouras, material de sutura, etc.), colocados através dos outros furinhos, é realizada a correção da hérnia.
A correção das hérnias com o uso de robô é destinada para hérnias mais complexas e dissecções em regiões mais delicadas e difíceis.
O cirurgião geral é o médico responsável pelo tratamento e retirada da hérnia. Ele deverá localizar e diagnosticar qual o melhor tratamento para a remoção.
O exame da região inguinal é suficiente para estabelecer o diagnóstico de hérnia em quase todos os pacientes. Quando um cirurgião identifica hérnia, não há necessidade de fazer exames complementares para confirmar o diagnóstico de hérnia inguinal. Entretanto, em poucos casos, exames como ultrassom de parede abdominal e em casos mais específicos ressonância magnética, podem ajudar no seu diagnóstico.
Não. O uso de fundas ou suspensórios de bolsa escrotal não é efetivo e deve ser evitado, pois além de não solucionar o problema pode retardar o tratamento e dar a falsa segurança de que a ocorrência de complicações está reduzida ou eliminada, por isso não e aconselhável o uso destes tipos de equipamentos.