Cirurgia Robótica

Já há mais de uma década que o médico Marcos Belotto opera por cirurgia robótica em São Paulo. Ele faz parte das primeiras equipes do Brasil a ir para os Estados Unidos buscar essa especialização.

“Treinamos no Hospital Celebration, na Flórida, que é um dos mais respeitados centros de referência em robótica no mundo. Essa expertise faz com que hoje sejamos convidados para falar dentro e fora do país sobre nossa experiência com robótica e para operar e dar aulas em hospitais para médicos iniciantes”, diz Belotto, que é um dos  maiores especialistas em cirurgia robótica nas áreas de fígado e pâncreas. Ambas consideradas as mais complexas formas de operação que existem, tanto pela longa duração dos procedimentos quanto pelos riscos de sangramento e complicações.

Nesses anos todos a robótica passou por muitas mudanças e uma das principais vantagens é ser uma cirurgia minimamente invasiva. 

A decisão de operar por via aberta – ou cirurgia convencional –  ou optar pela robótica é feita caso a caso, sempre com o consentimento do paciente.

Como funciona a Cirurgia Robótica?

Vantagens da cirurgia robótica em relação à convencional

A cirurgia robótica oferece resultados superiores à convencional por permitir maior destreza cirúrgica e manipulação delicada dos tecidos, inclusive em situações complexas, como a ressecção de tumores.

Esse tipo de cirurgia permite uma maior preservação das estruturas vizinhas e é menos invasiva. Isso impacta em menos sangramento, menos risco de infecção e menos dor no pós-operatório, o que permite ao médico dar alta mais precocemente ao paciente.

Após a operação, o operado pode retornar mais rapidamente às suas atividades habituais ou dar continuidade com rapidez a seu tratamento oncológico, caso ele tenha câncer. Vale ressaltar que o robô não opera sozinho. Ele faz os mesmos movimentos das mãos e dos pulsos do cirurgião, com precisão.

 Como o robô funciona?

Utilizamos o Da Vinci Surgical System, que foi desenvolvido pela Intuitive Surgical, empresa que lidera a tecnologia de robótica aplicada em cirurgias minimamente invasivas. Fundada em 1995 por Fredrick Moll, Robert Younge e John Freund, a Intuitive Surgical teve o potencial de difusão de aplicações clínicas de equipamentos robóticos reconhecido pela primeira vez em 1997, quando o Intuitive Surgical’s da Vinci foi utilizado para realizar a primeira colecistectomia robótica, nome da retirada cirúrgica da vesícula biliar, na Bélgica, por telepresença.

 

Com o passar dos anos, o aperfeiçoamento e as inovações tecnológicas permitiram que hoje o Da Vinci Surgical System tivesse seu sistema integrado por três unidades. A primeira é a mesa de operação com o robô, constituído de quatro braços poliarticulados, com flexibilidade de 360º. Na ponta de um desses braços há uma câmera que proporciona magnificação de 10 a 15 vezes, imagens full HD e visão real em três dimensões.


Os outros três braços manipulam pinças cirúrgicas que se movimentam em três eixos, permitindo ao cirurgião múltiplos graus de liberdade para movimentá-las, captação do movimento das mãos e dos pulsos do médico cerca de 1300 vezes por segundo e filtração de tremores. Isso aumenta a destreza cirúrgica e a manipulação ainda mais delicada dos tecidos, sendo uma opção importante nos casos de cirurgias mais longas e cansativas. A segunda unidade é um console inspirado nos simuladores de voo. É por meio dele que os médicos recebem as imagens em 3D de alta definição e realizam os movimentos operatórios com as próprias mãos, e que são transmitidos para o robô. Completando o sistema, há um conjunto de hardware externo.

Perguntas Frequentes

A cirurgia robótica exige apenas a presença do médico na sala durante a operação, sem a necessidade de uma equipe?

Não. A equipe continua sendo fundamental, e dela fazem parte o anestesista e os auxiliares treinados para fazer a troca dos instrumentos cirúrgicos.

Na cirurgia robótica, quem opera: o médico ou o robô?

O médico cirurgião. É ele quem faz o movimento que é passado para a pinça do robô. Isso justifica, inclusive, a importância de consultar um cirurgião com experiência nesse tipo de tecnologia.

O que acontece se, durante a cirurgia, o robô tiver uma pane ou houver queda de energia elétrica no hospital?

 É raro acontecer algum tipo de falha que faça o robô travar ou parar de funcionar. Mas, caso isso ocorra, ele possui uma chave de segurança, que o deliga sozinho. Depois, o médico pode reiniciar o equipamento, que volta à sua atividade normal. Caso falte eletricidade, o cirurgião tem a opção de converter a cirurgia para aberta, dando continuidade ao procedimento.

Qual o tamanho do corte que precisa ser feito para que o robô chegue à parte do corpo a ser operada?

Como são apenas pinças que atuam na região do corpo a ser operada, e elas são pequenas, as incisões costumam ter entre 4 e 8 milímetros. Ou seja, menos de 1 centímetro.

Quais as vantagens da cirurgia robótica no tratamento do câncer?

No pâncreas, a cirurgia robótica permite retirar um número maior de linfonodos, o que é uma vantagem oncológica em relação a outros métodos. Já existem alguns trabalhos mostrando que o índice de fístula pancreática ao operar com robô é menor, assim como os riscos de infecção e de retardo do esvaziamento gástrico. Outro bom exemplo do avanço alcançado com a cirurgia robótica diz respeito ao adenocarcinoma, o câncer pancreático mais comum, com alta taxa de mortalidade e responsável por 2% de todos os tipos de tumor diagnosticados no país, segundo o INCA. Antes, para tratar um tumor na cabeça do pâncreas, retirava-se parte do órgão por cirurgia convencional, fazendo uma incisão na região abdominal. Atualmente, o uso do robô permite operar por incisões menores, provocando menor dor no pós-operatório e dando alta mais precocemente ao paciente, que pode dar continuidade com mais rapidez a seu tratamento oncológico, com quimioterapia, por exemplo. Para o fígado, as vantagens incluem menor taxa de sangramento, menor tempo de permanência na UTI e alta hospitalar mais precoce.

Quais as vantagens da cirurgia robótica na região do aparelho digestivo?

 Ela permite diversas aplicações, inclusive em operações de altíssima complexidade, como o tratamento de hérnias abdominais complexas e de refluxos complexos, remoção de diversos tipos de cânceres digestivos e redução de estômago, a chamada cirurgia bariátrica.